6 de maio de 2008

BIOMIMÉTICA: COMO A NATUREZA INSPIRA O DESIGN MODERNO

Uma lição de projeto eficiente. O baixo coeficiente de arrasto ajuda o peixe-cofre a ter velocidade equivalente a seis vezes o comprimento de seu corpo por segundo, usando como estabilizadores as bordas em forma de quilha da carapaça. O peixe-cofre serviu de inspiração para o Bionic Car da Mercedes Benz. O fluxo de vapores do teste num túnel de vento em Stuttgart comprova a excelente aerodinâmica do veículo que ajuda a melhorar seu consumo para 30 quilômetro por litro de combustível.

*É um resumo da matéria publicada na revista National Geographic no mês passado, mas quem quiser ler na íntegra( vale a pena viu ;) é só entrar no site National Geographic - Design da Natureza



O que tem nadadeiras como as da baleia, pele parecida com a do lagarto e olhos similares aos da mariposa?

O futuro da engenharia.

"Cada espécie, mesmo aquelas extintas, é uma história de sucesso, otimizada por milhões de anos de seleção natural. Por que não aprender com o que foi lentamente aperfeiçoado pela evolução?" Andrew Parker (biólogo evolucionista)

"A biomimética nos proporciona um conjunto diverso de ferramentas e idéias, às quais normalmente não teríamos acesso."
Michael Rubner ( cientista de materiais)

"A gente não precisa reproduzir a pele de um lagarto para fazer um coletor de água; ou o olho de uma mariposa para confeccionar um revestimento anti-reflexivo, mas as estruturas naturais nos fornecem uma pista para o que há de útil em um mecanismo. E talvez a gente possa até mesmo aperfeiçoar tais aspectos."
Robert Cohen (engenheiro químico)


Biomimética ou Tecnologia Biônica é uma disciplina que busca em estruturas naturais soluções para problemas na engenharia, na ciência dos materiais, na medicina e em outros campos.
Nesta matéria, a revista foca nos trabalhos realizados pelo biólogo evolucionista Andrew Parker, pesquisador vinculado ao Museu de História Natural de Londres e à Universidade de Sydney. Entre os trabalhos do Parker podemos destacar pesquisas que desembocaram em telas mais luminosas para telefone celular através da investigação da iridescência da borboleta e do besouro, assim como o revestimento anti-reflexivo dos olhos da mariposa.
Parker busca ficar inspirado até mesmo em uma natureza que já não existe mais: por exemplo, no olho de uma mosca que, há 45 milhões de anos, ficou preservada em âmbar, ele notou microscópicos enrugamentos que reduziam a reflexão da luz e esse mesmo tipo de estrutura agora passa a ser usado em painéis solares.
O trabalho de Parker é uma pequena parte do movimento cada mais vigoroso e global da biomimética. Abaixo segue uma lista de exemplos da pesquisa sobre a tecnologia biônica desenvolvidos em alguns países.

- EUA e Inglaterra: investiga as protuberâncias nas bordas de ataque dos lóbulos da cauda da baleia-jubarte a fim de construir asas mais eficientes para avião.

- Alemanha: estuda as penas primárias, similares a dedos, das aves de rapina com intuito de projetar asas cuja forma se altera durante o vôo, reduzindo assim o arrasto e aumentando o rendimento de combustível.

-Zimbábue: arquitetos estudam de que modo os cupins controlam a temperatura, a umidade e o fluxo de ar em sua toca, na expectativa de projetarem edifícios mais confortáveis.

-Japão: pesquisadores médicos conseguiram reduzir o incômodo das injeções com o uso de agulhas hipodérmicas com a ponta dotada de minúsculo serrilhado, semelhante ao da probóscide de um mosquito, que reduz a estimulação dos nervos.

Ainda há estudos em desenvolvimento sobre:
- As características ópticas do brilho metálico e as cores deslumbrantes das aves e besouros;
- Bico do tucano, uma estrutura leve e resistente;
- A seda de aranha, cinco vezes mais forte e bem mais flexível que alguns aços especiais;
- A luz fria quase sem perda de energia produzidos pelos vaga-lumes;
e assim infinitamente...

Os pesquisadores só consideram um projeto de biomimética bem-sucedido quando há a possibilidade de ser aproveitado pelas pessoas. "Não basta descobrir estruturas maravilhosas na natureza", diz engenheiro químico Robert Cohen. "O que me interessa é como podemos transformar tais estruturas em algo útil no mundo real."

Um dos reaproveitamentos mais promissores de projetos naturais é um robô inspirado em organismos vivos que possa ser usado em locais em que os seres humanos costumam ficar ou muito expostos, ou muito entediados, ou correr riscos em demasia.

Recolhendo água através da pata, um diabo-espinhoso do deserto australiano é capaz de levar o líquido até boca por canaletas entre as escamas. Com base em mecanismo similar os cientistas esperam aperfeiçoar tecnologias de captura de água em regiões secas.

Ao examinar carrapichos em sua calça e no pêlo de seu cão após caminhar pelo mato em 1948, o suíço George de Mestral notou que a ponta de seus espinhos era curva, formando ganchos - e com base nisso inventou o velcro.

Traduzindo a força da baleia em energia eólica, Frank Fish ajudou a projetar pás de moinho de vento com nódulos inspirados nas nadadeiras da baleia jubarte.

Pele de tubarão. A água escorre pelas microrranhuras sem fazer turbilhão reduzindo assim o atrito. As escamas também desestimulam a adesão de cracas e algas - e serviram de inspiração para revestimento que logo poderão ser aplicados contra essas criaturas no casco dos navios da Marinha americana.

Revista: NATIONAL GEOGRAPHIC
Edição: ABRIL DE 2008


O DESIGN HOJE, mais do que nunca, precisa se inspirar na Mãe Natureza que por bilhões de anos buscou a perfeição através da evolução.

Os problemas de design estão um pouco por todo o lado, e não apenas na decoração como aparentemente pode parecer. Assim, no DESIGN DE HOJE a necessidade de trabalhar em uma equipe multiprofissional se torna cada vez mais necessária em projetos buscando o desenvolvimento sustentável.


- Camila May


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